{"id":65850,"date":"2017-12-01T17:16:02","date_gmt":"2017-12-01T17:16:02","guid":{"rendered":"http:\/\/www.obeltrano.com.br\/?post_type=portfolio&p=65850"},"modified":"2018-01-02T10:01:55","modified_gmt":"2018-01-02T10:01:55","slug":"biografando-o-lado-b","status":"publish","type":"portfolio","link":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/","title":{"rendered":"Biografando o lado B"},"content":{"rendered":"

[vc_row][vc_column column_width_percent=”100″ overlay_alpha=”50″ gutter_size=”2″ medium_width=”0″ mobile_width=”0″ shift_x=”0″ shift_y=”0″ shift_y_down=”0″ z_index=”0″ width=”1\/1″][vc_empty_space empty_h=”1″][vc_custom_heading heading_semantic=”p” text_size=”” text_font=”font-139983″ text_weight=”800″ text_color=”color-jevc” sub_reduced=”yes”]<\/p>\n

Biografando o lado B<\/h1>\n

[\/vc_custom_heading][vc_custom_heading heading_semantic=”h4″ text_size=”h4″ text_font=”font-157049″ text_weight=”400″ text_italic=”yes” separator=”yes” separator_color=”yes” sub_reduced=”yes”]<\/p>\n

Evaldo Braga e Carlos Alexandre ganham biografias que mostram o lado obscuro da can\u00e7\u00e3o brasileira<\/p>\n

[\/vc_custom_heading][vc_column_text]<\/p>\n

Por Bruno Azev\u00eado*<\/span><\/em><\/p>\n

\"\"<\/p>\n

 <\/p>\n

1988. Estourad\u00edssimo nas paradas com sucessos como \u201cFeiticeira\u201d e \u201cArma de Vingan\u00e7a\u201d, o cantor Carlos Alexandre chegou b\u00eabado ao hotel com seus amigos de banda. Dormiram. Naquela madrugada fria da capital paulista, um baque surdo estremece o apartamento e acorda o guitarrista Niltinho. Ele corre e encontra o patr\u00e3o e amigo de longa data estendido no ch\u00e3o da sala, contorcendo-se e delirando.<\/span><\/p>\n

\u201c\u00c9 o neg\u00e3o, \u00e9 o neg\u00e3o! Queria me levar. Ele disse que tenho que ir embora com ele\u201d, diz Carlos Alexandre, em transe. O fantasma que o cantor via era Evaldo Braga.<\/span><\/p>\n

\"\"A hist\u00f3ria poderia estar na revista Kripta, se n\u00e3o estampasse a capa da Contigo. No ano seguinte, ap\u00f3s outros tantos sonhos intranquilos, o cantor capixaba de apenas 33 anos perde a vida num desastre de autom\u00f3vel na volta de um show. Era 31 de janeiro, mesm\u00edssimo dia no qual, 16 anos antes, Evaldo Braga, tamb\u00e9m no retorno de um show, morreu quando seu carro colidiu contra um caminh\u00e3o.<\/span><\/p>\n

N\u00e3o \u00e9 s\u00f3 na morte que os caminhos dos dois cantores coincidiram, como se pode ler nas suas rec\u00e9m lan\u00e7adas biografias: \u201cEu n\u00e3o sou lixo: a tr\u00e1gica vida do cantor Evaldo Braga\u201d (Editora Noir, 310 p\u00e1ginas), do jornalista Gon\u00e7alo J\u00fanior; e \u201cO homem da feiticeira: a hist\u00f3ria de Carlos Alexandre\u201d (Caravela, 378 p\u00e1ginas), do tamb\u00e9m jornalista Rafael Duarte. Os livros detalham as vidas de dois dos maiores astros da m\u00fasica brega. Duas personalidades complexas, com vidas marcadas por trag\u00e9dias bem piores do que as mazelas de amor das letras pelas quais ficaram famosos.<\/span><\/p>\n

Tamb\u00e9m n\u00e3o parece coincid\u00eancia que ambos ganhem biografias com t\u00e3o pouca dist\u00e2ncia de tempo entre si.<\/span><\/p>\n

 <\/p>\n

 <\/p>\n

\"\"<\/span><\/strong><\/p>\n

 <\/p>\n

EU N\u00c3O SOU LIXO<\/span><\/strong><\/p>\n

O jovem muito bonito, sorridente e educado, esconde um segredo.<\/span><\/p>\n

Ascendente na carreira, chora pelos cantos um cisco ca\u00eddo em seu olho na inf\u00e2ncia, que resiste a qualquer col\u00edrio. Mas para seus pares, ele aparece sempre feliz, e \u00e9 apontado como um exemplo nas salas de jantar das fam\u00edlias brasileiras. Seus colegas o t\u00eam em alta conta. At\u00e9 que ele morre num desastre de autom\u00f3vel. \u00c0 boca mi\u00fada, se diz que a morte foi por desgosto.<\/span><\/p>\n

O enrredo lembra uma pe\u00e7a do Nelson Rodrigues, mas estamos falando de Evaldo Braga, o \u00cddolo Negro.<\/span><\/p>\n

Autor de sucessos como \u201cSorria, sorria\u201d, \u201cEu n\u00e3o sou lixo\u201d e \u201cMentira\u201d, Braga tinha como marca a voz potente e uma presen\u00e7a fulminante, alinhad\u00edssima no melhor estilo pilantragem consagrado por Wilson Simonal. Al\u00e9m disso, trazia sempre um ter\u00e7o enrolado \u00e0 m\u00e3o esquerda, que lhe dava um toque de beato inofensivo.<\/span><\/p>\n

Suas can\u00e7\u00f5es eram marcadas pela trag\u00e9dia e por amores desandados, que ele encarava com sangue nos olhos, em versos como \u201cnunca mais na minha vida eu vou te dar o meu amor\u201d, \u201cvou lamentando a sorte que a vida me deu\u201d, \u201cesconda o pranto num sorriso\u201d e \u201cvoc\u00ea n\u00e3o presta, meu amor\u201d. Tudo embalado num groove poderoso e colorido de metais. As can\u00e7\u00f5es de Evaldo tocaram fundo o cora\u00e7\u00e3o dos ouvintes quando apareceram, no come\u00e7o dos anos 1970.<\/span><\/p>\n

Mas, apesar do sucesso enorme e instant\u00e2neo, o cantor, falecido em 1973, ganharia facilmente o pr\u00eamio que o amigo Chacrinha oferecia no quadro \u201cSua mis\u00e9ria vale um milh\u00e3o\u201d, no qual o pr\u00eamio era concedido ao miserento capaz de extrair mais l\u00e1grimas da plateia. Tamb\u00e9m n\u00e3o faria feio num daqueles filmes de supera\u00e7\u00e3o da Sess\u00e3o da Tarde.<\/span><\/p>\n

H\u00e1 diversas teorias sobre o nascimento de Evaldo Braga. A mais famosa diz que era filho de uma prostituta e que teria sido por ela abandonado numa lata de lixo (de rua, de uma fam\u00edlia ou de um orfanato) por n\u00e3o ter condi\u00e7\u00f5es para cri\u00e1-lo. O cantor teria sido recolhido e levado \u00e0 Funabem, onde viveu at\u00e9 os 18 anos, sem informa\u00e7\u00f5es sobre sua ascend\u00eancia.<\/span><\/p>\n

O pr\u00f3prio cantor reformulava sua origem constantemente: em uma entrevista, disse que foi resgatado por uma freira, noutra, por uma senhora \u201cmuito pobre\u201d, s\u00f3 pra na seguinte aumentar o drama da inf\u00e2ncia numa varia\u00e7\u00e3o do tema do abandono e resgate. Recentemente uma nova vers\u00e3o veio \u00e0 tona, quando um suposto irm\u00e3o disse que o cantor seria filho da amante de seu pai, enjeitado pela madrasta e expulso de casa logo cedo. H\u00e1 consenso e documenta\u00e7\u00e3o sobre a Funabem. Um processo para comprova\u00e7\u00e3o de parentesco segue em segredo de justi\u00e7a. Ant\u00f4nio Carlos, o tal irm\u00e3o, e seu advogado n\u00e3o comentam o assunto.<\/span><\/p>\n

\"\"Na juventude, Evaldo Braga foi amigo e inimigo do jogador Dad\u00e1 Maravilha, cuja narrativa \u00e9 usada como escada pelo jornalista Gon\u00e7alo Junior no rec\u00e9m lan\u00e7ado \u201cEu n\u00e3o sou lixo: a tr\u00e1gica vida do cantor Evaldo Braga\u201d (editora Noir), primeira biografia do cantor. Pesquisador prol\u00edfico, Junior lan\u00e7a m\u00e3o de farta documenta\u00e7\u00e3o e dezenas de entrevistas para entender a vida do cantor de carreira mete\u00f3rica.<\/span><\/p>\n

A inf\u00e2ncia na Funabem foi marcada por viol\u00eancia e disputa. Dad\u00e1 envolveu-se com o crime, mas n\u00e3o h\u00e1 evid\u00eancias de que Evaldo (ou Pato Rouco, como era chamado) tenha inveredado por esse caminho ou cometido qualquer delito. N\u00e3o teria outro interesse que n\u00e3o o canto e foi abst\u00eamio at\u00e9 o come\u00e7o da fama. Os dois alimentavam sonhos de estrelato, um no esporte, e o outro no mundo fonogr\u00e1fico. E se detestavam por isso.<\/span><\/p>\n

Evaldo saiu do orfanato com um diploma de cozinheiro, foi gar\u00e7om, agente de viagens e trabalhou em uma funer\u00e1ria, at\u00e9 demitir-se pelo sonho do palco. Comprou uma caixa de engraxate e passou a ocupar o posto em frente \u00e0 r\u00e1dio Metropolitana, na esperan\u00e7a de que algum bidu o ouvisse e o levasse para dentro. Por pena, os funcion\u00e1rios o deixavam dormir no sof\u00e1 da emissora.<\/span><\/p>\n

Evaldo participava de shows de calouros e passava fome quando foi contratado pelo cantor Nilton Cesar para trabalhar como seu divulgador. \u201cA primeira coisa que eu falei foi mentir que estava com bastante fome, pois achei que Evaldo devia estar faminto e ficaria constrangido se eu perguntasse isso ou lhe oferecesse uma refei\u00e7\u00e3o\u201d, revela Cesar na biografia.<\/span><\/p>\n

O vaidoso Evaldo n\u00e3o tinha onde cair morto. O trabalho com Cesar e, logo ap\u00f3s, com Lindomar Castilho, come\u00e7ou a lhe conferir alguma dignidade, e n\u00e3o demoraria pra que conseguisse se valer desse networking para iniciar a pr\u00f3pria carreira. Evaldo n\u00e3o s\u00f3 conseguiu ajudar seus dois patr\u00f5es, como construiu um nome no meio como profissional e talentoso cantor, que se apresentava de gra\u00e7a nos espet\u00e1culos promovidos por disc jockeys de r\u00e1dio nas periferias das cidades com uma presen\u00e7a de palco avassaladora.<\/span><\/p>\n

 <\/p>\n

 <\/p>\n

\"\"<\/span><\/p>\n

 <\/p>\n

O trabalho lhe rendeu um contrato para a grava\u00e7\u00e3o de dois compactos pela RCA, em 1969 e 1970, que n\u00e3o tiveram grande impacto. Era uma figura frequente, mas pequena. Ainda assim, em sua primeira apari\u00e7\u00e3o na TV, ao lembrar da inf\u00e2ncia dura e evocar a figura da m\u00e3e, Evaldo simplesmente desmaiou, saindo da emissora de ambul\u00e2ncia. Evaldo Braga estava ali \u00e0 s\u00e9rio.<\/span><\/p>\n

J\u00e1 na Phonogram\/Polydor, ganhou o apelido de \u201cO \u00eddolo negro\u201d. Gravou os dois discos que o tornariam famoso (O \u00eddolo Negro Vol. 1, de 1971, e o Vol. 2, de 72) e viveu seus \u00faltimos anos longe da pen\u00faria. No come\u00e7o dos anos 70, o cantor era arroz de festa em programas de audit\u00f3rio como o de Fl\u00e1vio Cavalcanti e Chacrinha, doava boa parte do seu dinheiro ao orfanato onde cresceu e parecia viver o sonho do menino pobre que ganha a vida no show bizz.<\/span><\/p>\n

\"\"Mas Evaldo jamais esqueceu a ideia de encontrar a m\u00e3e que o \u201cabandonara\u201d. Comprava vestidos pensando em como ela ficaria bonita neles, e quando recebeu a primeira c\u00f3pia do primeiro compacto confessou a um amigo como orgulhosa ficaria sua m\u00e3e se presenciasse aquele momento.<\/span><\/p>\n

As v\u00e1rias vers\u00f5es de sua origem que ele mesmo deu a revistas e programas de TV, com varia\u00e7\u00f5es sobre quem o havia recolhido, parecem querer dizer que ele n\u00e3o sabia mesmo de onde vinha, mas tamb\u00e9m que tratava sua inf\u00e2ncia tr\u00e1gica como mercadoria. No mundo do brega, a biografia anda juntinho ao marketing.<\/span><\/p>\n

O fato \u00e9 que sua obra, mesmo que eventualmente composta por outros compositores, cabia como uma luva em sua trajet\u00f3ria, da mesma forma que Roberto Carlos tamb\u00e9m parecia interessado em se construir naquele mesmo per\u00edodo. Can\u00e7\u00f5es como \u201cEu n\u00e3o sou lixo\u201d alimentavam o mito da crian\u00e7a abandonada (uma can\u00e7\u00e3o de amor rom\u00e2ntico que evocaria o abandono pela m\u00e3e) e \u201cA cruz que carrego\u201d falava sobre o calv\u00e1rio de n\u00e3o se saber a origem. O amor que Evaldo Braga cantava era um amor n\u00e3o s\u00f3 abandonado, mas raivoso, vingativo, permeado por uma constante ideia de morte, como no trecho \u201csorria da infelicidade que voc\u00ea procurou\u201d. N\u00e3o h\u00e1 um pinguinho de humor nas 37 can\u00e7\u00f5es que gravou, apesar de ele ser descrito como um cara doce e alegre.<\/span><\/p>\n

 <\/p>\n

 <\/p>\n

\"\"<\/span><\/p>\n

 <\/p>\n

Mas contra a ideia de que a associa\u00e7\u00e3o das can\u00e7\u00f5es de Evaldo Braga e sua biografia e inf\u00e2ncia tr\u00e1gica tenha sido simplesmente uma bela jogada de marketing da gravadora, Gon\u00e7alo Junior nos d\u00e1 a entender que a dor do cantor era muito real. Nos \u00faltimos anos, Evaldo Braga dava sinais de mudan\u00e7a: come\u00e7ou a beber e a fumar, e se tornara \u00e1cido, amargo. Foi essa dor toda que ele deixou n\u00e3o s\u00f3 marcada em suas can\u00e7\u00f5es, mas que levava consigo ao morrer na BR-3 naquele janeiro de 73.<\/span><\/p>\n

 <\/p>\n

 <\/p>\n

\"\"<\/span><\/strong><\/p>\n

 <\/p>\n

FEITICEIRA<\/span><\/strong><\/p>\n

Pedro era o s\u00e9timo dos oito filhos de Manoel Barbeiro e Dona Am\u00e9lia. Manoel era barbeiro por bico, agricultor por profiss\u00e3o e mulherengo talhado \u00e0 fina flor de Nelson Gon\u00e7alves e outros grandes bo\u00eamios de vozeir\u00e3o. Dona Am\u00e9lia… bem, dona Am\u00e9lia dormia no pisador, fazendo jus ao que outro bo\u00eamio, M\u00e1rio Lago, vaticinou para o seu nome. Gr\u00e1vida, cruzou o sert\u00e3o com o marido e os seis filhos em busca de uma ro\u00e7a. Chegaram em 1957 a Santa F\u00e9, lugarejo com menos de 200 almas no interior do Rio Grande do Norte, onde Pedro Nasceu.<\/span><\/p>\n

\u201cAssim que o pau de arara partiu com Manoel, Am\u00e9lia se viu sem emprego e com oito crian\u00e7as em casa\u201d. A narrativa \u00e1gil tra\u00e7ada pelo jornalista brasiliense Rafael Duarte em \u201cO homem da Feiticeira: a vida de Carlos Alexandre\u201d (Caravela Cultural) chama a aten\u00e7\u00e3o, de cara, pela brutalidade. \u00c9 um Vidas Secas sem Fabiano e sem Baleia. Sobra uma mulher sem emprego e qualifica\u00e7\u00e3o, com 8 filhos pra criar; filhos de um marido que vivia uma \u201cvida de solteiro\u201d e sumia por dias com violeiros andantes e rabos de saia. Manoel n\u00e3o tardou a formar outra fam\u00edlia em S\u00e3o Paulo, para onde foi, enquanto Am\u00e9lia ca\u00eda na ro\u00e7a pra garantir a \u00fanica refei\u00e7\u00e3o di\u00e1ria que conseguia dar para as crias… at\u00e9 que se viu obrigada a entregar a prole e seguir ela mesma para a capital. O plano era trabalhar em Natal at\u00e9 conseguir dinheiro para reaver as crian\u00e7as. E assim o fez, n\u00e3o sem antes comer o p\u00e3o que o diabo amassou, estigmatizada falsamente como prostituta pelos pr\u00f3prios filhos. Am\u00e9lia os recuperou aos poucos. Quando Manoel voltou a Santa F\u00e9, para onde n\u00e3o havia enviado um centavo, amaldi\u00e7oou a ex-mulher e foi atr\u00e1s somente dos meninos. Tr\u00eas seguiram com ele.<\/span><\/p>\n

 <\/p>\n

 <\/p>\n

\"\"<\/span><\/p>\n

 <\/p>\n

Enquanto Am\u00e9lia e Manoel dividiam as crian\u00e7as, Pedrinho crescia. Dado pela m\u00e3e \u00e0 av\u00f3 paterna, que o deu a um casal de agricultores, Pedrinho se sentia enjeitado. Chegou sem sobrenome \u00e0 casa adotiva e, num espelho com a condi\u00e7\u00e3o de Evaldo Braga, cresceu sob o estigma de ter sido abandonado pela m\u00e3e \u201cprostituta\u201d que foi para a capital.<\/span><\/p>\n

Carlos Alexandre era um pote at\u00e9 aqui de m\u00e1goas. O menino chegou a Natal aos 15 anos, embora a certid\u00e3o de nascimento contasse dois a mais. Na \u00e2nsia de emancipar-se, pediu ao pai adotivo que fraudasse o registro. Ant\u00f4nio aquiesceu e assinou com o polegar. J\u00e1 afeito ao viol\u00e3o e \u00e0 cacha\u00e7a, o adolescente come\u00e7ou a trabalhar na padaria de um dos irm\u00e3os biol\u00f3gicos, onde distribu\u00eda brindes \u00e0s mo\u00e7as e \u00e0 rapaziada, se tornando rapidamente um cara popular, tendo sempre de prontid\u00e3o uma can\u00e7\u00e3o qualquer de Evaldo Braga ao viol\u00e3o. A carreira come\u00e7ou timidamente, na cal\u00e7ada da padaria, j\u00e1 com um dos seus grandes sucessos, \u201cV\u00e1 pra cadeia\u201d, de 1976.<\/span><\/p>\n

Carlos Alexandre n\u00e3o teria chegado muito longe n\u00e3o fosse a presen\u00e7a de outra mulher fort\u00edssima: Solange era estudante e ganhava alguns tocados como bab\u00e1 e costureira. No come\u00e7o resistiu aos galanteios do cantor-padeiro, at\u00e9 ser homenageada com uma can\u00e7\u00e3o, \u201cArma de vingan\u00e7a\u201d, na qual um amante preterido reclamava ter sido usado para fazer ci\u00fames ao namorado de sua musa. A arma atingiu o alvo e ali come\u00e7ou um namoro que duraria at\u00e9 a morte do cantor. Solange cuidaria n\u00e3o somente do come\u00e7o da carreira de Carlos Alexandre, mas do figurino e da apar\u00eancia daquele menino pobre com seis dentes a menos. Foi ela quem enxergou no talento do padeiro um futuro e o inscreveu nos primeiros concursos musicais e programas de r\u00e1dio, como o de Carlos Alberto. O famoso radialista e pol\u00edtico anunciou, como parte de sua campanha para deputado federal em 1978, a forma\u00e7\u00e3o de uma caravana com cinco artistas para showm\u00edcios pelo interior. Estes seriam escolhidos por concurso, cujo pr\u00eamio seria integrar o trenzinho eleitoreiro e gravar, em S\u00e3o Paulo, um compacto pela RGE.<\/span><\/p>\n

Pedrinho gravou duas can\u00e7\u00f5es, que foram sumariamente rejeitadas pelo radialista. Solange ouviu de esguelha um papo do radialista ao telefone, refor\u00e7ando a um correligion\u00e1rio que continuaria a doa\u00e7\u00e3o de cadeira de rodas nas elei\u00e7\u00f5es. \u201cSolange repetiu e sugeriu ao namorado que fizesse uma m\u00fasica sobre o trabalho de um pol\u00edtico que ajudava os pobres\u201d, conta Rafael Duarte na biografia. Naquela noite nasceria um dos mais infames bregas daquela gera\u00e7\u00e3o, a \u201cCan\u00e7\u00e3o do paral\u00edtico\u201d, que garantiu a Pedrinho (ali mesmo rebatizado Carlos Alexandre, nome da crian\u00e7a de quem Solange era bab\u00e1) n\u00e3o s\u00f3 uma vaga na caravana, mas um contrato, o compacto pela RGE, o apadrinhamento por um pol\u00edtico poderoso, e uma carreira.<\/span><\/p>\n

 <\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Carlos Alexandre passou ent\u00e3o a ocupar picadeiros do interior, promovendo Carlos Alberto e construindo a carreira. Era ainda um \u201cpobre lascado\u201d que trabalhava na padaria do irm\u00e3o e tinha uma namorada gestante. Viajava de pau de arara, de carona em caminh\u00f5es de galinhas, dormia em rodovi\u00e1rias com o produtor. Chegou a vender a alian\u00e7a de casamento para pagar o t\u00e1xi para um show que n\u00e3o deu ningu\u00e9m.<\/span><\/p>\n

Desde o in\u00edcio o cantor j\u00e1 mostrava seus dois maiores sinais de car\u00e1ter: o humor e a viol\u00eancia. Se Evaldo Braga cantava sem risadas, Alexandre assumia a galhofa do brega de picadeiro do final dos anos 70 com can\u00e7\u00f5es hoje absurdas, como a tal \u201cA can\u00e7\u00e3o do paral\u00edtico\u201d (oh, meu Senhor \/ aqui na terra onde estou tem um pol\u00edtico \/ que reconhece que o Senhor acha bonito \/ quando v\u00ea um paral\u00edtico sorrindo); ou \u201cSenhor delegado\u201d (senhor delegado, solte esta mulher \/ preciso dela cedinho \/ pra fazer o meu caf\u00e9 \/ Senhor delegado, como posso viver? \/ Ela estando na cadeia \/ Falta em casa o que eu comer).<\/span><\/p>\n

Na sua obra aparece uma vasta gama de personagens e situa\u00e7\u00f5es ora engra\u00e7adas, ora brutais, ora ambas: ciganos, jagun\u00e7os, chifres de toda sorte, vingan\u00e7as, tabefes e afrontas estilo \u201ctome uma garrafa de cana, sai por a\u00ed toda bacana, eu n\u00e3o te quero mais. Sai de mim, mulher esculhambada\u201d. Carlos Alexandre estava afinad\u00edssimo com as sensibilidades populares que Roberto Carlos, na mesma \u00e9poca, j\u00e1 havia convertido em can\u00e7\u00f5es de motel e Ave Marias. O potiguar estava cercado de dom\u00e9sticas, palha\u00e7os de circo, caminhoneiros e gente da rua sobre os quais cantava e pra quem cantava num figurino extravagante de caub\u00f3i multicolorido, com falsos ares de bom-mocismo. Nunca se afastou desse pessoal. Mesmo quando ficou famoso e recebia mil cartas por m\u00eas, fechava cabar\u00e9s e restaurantes de rodovi\u00e1ria pra sua entourage. \u201cFeiticeira\u201d, seu maior sucesso, \u00e9 exemplo maior desse charme popular.<\/span><\/p>\n

Alexandre era obcecado por Evaldo Braga. Ainda no come\u00e7o era conhecido como o cantor \u201cque parece Evaldo Braga\u201d. Em 1982, comp\u00f4s \u201cRevela\u00e7\u00e3o de um sonho\u201d, em parceria com Maur\u00edlio Costa, uma longa narrativa costurada com versos do \u00cddolo Negro. Tamb\u00e9m gravou, no mesmo ano, um \u00e1lbum de covers de Evaldo.<\/span><\/p>\n

 <\/p>\n

\"\"<\/span><\/p>\n

 <\/p>\n

Carlos Alexandre foi um homem complexo, capaz de chorar em conversas de bar por ter sido dado \u00e0 ado\u00e7\u00e3o. Bebia muito e chegou a ter 36 carros novos ao mesmo tempo. Era extremamente generoso com os amigos e eventualmente cruel com a esposa. Tinha casos longos e inventava shows, mobilizando a banda para passar um final de semana com uma chacrete. Era capaz de comprar e dar a escritura de um bar \u00e0 mulher que seria despejada por n\u00e3o poder pagar o aluguel, e em outro momento despejar a pr\u00f3pria m\u00e3e biol\u00f3gica. Tinha dezenas de affairs, mas quando a gravadora lhe pediu que mudasse um verso de \u201cFeiticeira\u201d, composta para Solange, de maneira que \u201cpor ela casei\u201d virasse \u201cpor ela gamei\u201d (afinal, o selo n\u00e3o lucraria com um sex symbol casado), disse que tinha de pedir autoriza\u00e7\u00e3o \u00e0 esposa, a mesma mulher que lhe apontou uma arma pedindo que respeitasse ao menos a fam\u00edlia, a mesma mulher que com ele estava no reveillon de 89, quando, no momento de reden\u00e7\u00e3o com Am\u00e9lia e os irm\u00e3os, o cantor teve uma crise de choro e n\u00e3o conseguiu falar mais nada.<\/span><\/p>\n

Carlos Alexandre viveu com o cora\u00e7\u00e3o na m\u00e3o.<\/span><\/p>\n

 <\/p>\n

 <\/p>\n

\"\"<\/span><\/strong><\/p>\n

 <\/p>\n

LADO B<\/span><\/strong><\/p>\n

<\/a>O historiador Fran\u00e7ois Dosse disse certa vez que a biografia \u00e9 uma esp\u00e9cie de monstro, um tipo de romance com um p\u00e9 na hist\u00f3ria, que pede alguma suspens\u00e3o de descren\u00e7a do leitor – voyeurismos aos rasgos e fixa\u00e7\u00f5es em torno da vida de um desconhecido. Escrever uma vida, segundo ele, \u00e9 um \u201chorizonte inacess\u00edvel\u201d no qual, como a hist\u00f3ria, escreve-se primeiro no presente.<\/span><\/p>\n

Da mesma forma, pode-se dizer muito de uma sociedade por aqueles que ela escolhe biografar, e quando. G\u00eanero necr\u00f3filo por excel\u00eancia (biografia em vida chama-se propaganda), uma biografia se escreve no p\u00f3s-morte, e nesse hiato entre a vida e a hist\u00f3ria da vida constr\u00f3i-se o defunto. O que acontece depois da morte, a influ\u00eancia do personagem na sociedade e as mudan\u00e7as nessa sociedade s\u00e3o parte da \u201cvida\u201d do biografado.<\/span><\/p>\n

Da\u00ed n\u00e3o faz mal perguntar: Por que Evaldo Braga e Carlos Alexandre est\u00e3o sendo biografados agora?, d\u00e9cadas ap\u00f3s o auge de suas popularidades… e, ainda, por que a imensa maioria dos seus colegas de fossa e picadeiro n\u00e3o tiveram um bi\u00f3grafo pra chamar de seu? Ter\u00e3o? Como, raios, figuras como Nelson Ned, Waldick Soriano, Altemar Dutra e Lindomoar Castilho, cujas vidas se embolam \u00e0s suas obras, ainda est\u00e3o somente nas prateleiras de discos? O mais pr\u00f3ximo que chegamos disso foi em \u201cEu n\u00e3o sou cachorro, n\u00e3o\u201d, lan\u00e7ado em 1995 por Paulo Cesar de Ara\u00fajo (sim, o mesmo bi\u00f3grafo censurado de Roberto Carlos), que perfila v\u00e1rios cantores bregas para construir uma tese sobre a can\u00e7\u00e3o cafona na ditadura militar.<\/span><\/p>\n

A\u00ed h\u00e1 um jogo duplo: por mais que estes cantores tenham sido (e sejam) populares, suas can\u00e7\u00f5es e vidas s\u00e3o dadas como \u201csimpl\u00f3rias\u201d se comparadas \u00e0 \u00e1urea m\u00edtica que envolve os medalh\u00f5es da MPB. A venda de CDs dos cantores de brega \u00e9 diretamente proporcional \u00e0 das biografias dos cantores de MPB.<\/span><\/p>\n

O mercado de biografias no Brasil anda aquecido, como mostra qualquer estante de livraria. Celebridades de maneira geral s\u00e3o chafurdadas em livros que se esgotam rapidamente. O assunto j\u00e1 rendeu pol\u00eamicas vergonhosas como as de Roberto Carlos e o grupo Procure Saber em torno de \u201cRoberto Carlos em detalhes\u201d. Ou a mutila\u00e7\u00e3o da biografia de Paulo Leminski pela fam\u00edlia do poeta. At\u00e9 Caetano Veloso deu uma de censor de sua pr\u00f3pria vida, alardeadamente dedicada \u00e0 \u201cliberdade\u201d.<\/span><\/p>\n

 <\/p>\n

 <\/p>\n

\"\"<\/span><\/strong><\/p>\n

 <\/p>\n

CONVERSA LONGA<\/span><\/strong><\/p>\n

O que interessa aqui \u00e9 que Carlos Alexandre e Evaldo Braga s\u00e3o dois cantores sem o Lado A da nossa m\u00fasica, e suas vidas e dramas mostram o Lado B tamb\u00e9m da sociedade brasileira, com seus tipos populares e can\u00e7\u00f5es de amor despudoradas para tocar na r\u00e1dio AM. Gon\u00e7alo Junior e Rafael Duarte t\u00eam f\u00f4lego e tes\u00e3o nos seus trabalhos.<\/span><\/p>\n

Autor da recente biografia do cantor Belchior, o jornalista Jotab\u00ea Medeiros me disse que seu livro (Belchior, apenas um rapaz Latino Americano, lan\u00e7ado pela Todavia) est\u00e1 sendo amea\u00e7ado pela irm\u00e3 do artista cearense de ser tirado de circula\u00e7\u00e3o. Pelo jeito n\u00e3o d\u00e1 pra biografar como conv\u00e9m.<\/span><\/p>\n

O bi\u00f3grafo brasileiro \u00e9 uma esp\u00e9cie de cantor de brega.<\/span><\/p>\n

*Bruno Azev\u00eado \u00e9 historiador. Autor, entre outros livros, de \u201cEm ritmo de seresta, m\u00fasica brega e choperias no Maranh\u00e3o\u201d (Edufma, 2014).<\/span><\/p>\n

[\/vc_column_text][\/vc_column][\/vc_row][vc_row][vc_column width=”1\/1″][uncode_block id=”61182″][\/vc_column][\/vc_row][vc_row][vc_column width=”1\/1″][vc_empty_space empty_h=”1″][vc_raw_html]JTNDZGl2JTIwY2xhc3MlM0QlMjJmYi1jb21tZW50cyUyMiUyMGRhdGEtaHJlZiUzRCUyMmh0dHAlM0ElMkYlMkZ3d3cub2JlbHRyYW5vLmNvbS5iciUyRnBvcnRmb2xpbyUyRmJpb2dyYWZhbmRvLW8tbGFkby1iJTJGJTIyJTNFJTNDJTJGZGl2JTNF[\/vc_raw_html][\/vc_column][\/vc_row]<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Evaldo Braga e Carlos Alexandre ganham biografias que mostram o lado obscuro da can\u00e7\u00e3o brasileira<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":65854,"parent":0,"menu_order":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","template":"","meta":{"footnotes":""},"portfolio_category":[34,37,28,32],"class_list":["post-65850","portfolio","type-portfolio","status-publish","has-post-thumbnail","hentry","portfolio_category-destaques-home","portfolio_category-ultimas","portfolio_category-noticias","portfolio_category-cultura"],"yoast_head":"\nBiografando o lado B - O Beltrano<\/title>\n<meta name=\"description\" content=\"Evaldo Braga e Carlos Alexandre ganham biografias que mostram o lado obscuro da can\u00e7\u00e3o brasileira\" \/>\n<meta name=\"robots\" content=\"index, follow, max-snippet:-1, max-image-preview:large, max-video-preview:-1\" \/>\n<link rel=\"canonical\" href=\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/\" \/>\n<meta property=\"og:locale\" content=\"pt_BR\" \/>\n<meta property=\"og:type\" content=\"article\" \/>\n<meta property=\"og:title\" content=\"Biografando o lado B - O Beltrano\" \/>\n<meta property=\"og:description\" content=\"Evaldo Braga e Carlos Alexandre ganham biografias que mostram o lado obscuro da can\u00e7\u00e3o brasileira\" \/>\n<meta property=\"og:url\" content=\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/\" \/>\n<meta property=\"og:site_name\" content=\"O Beltrano\" \/>\n<meta property=\"article:publisher\" content=\"https:\/\/www.facebook.com\/jornalobeltrano\/\" \/>\n<meta property=\"article:modified_time\" content=\"2018-01-02T10:01:55+00:00\" \/>\n<meta property=\"og:image\" content=\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/site\/wp-content\/uploads\/2017\/12\/142090.jpg\" \/>\n\t<meta property=\"og:image:width\" content=\"600\" \/>\n\t<meta property=\"og:image:height\" content=\"400\" \/>\n\t<meta property=\"og:image:type\" content=\"image\/jpeg\" \/>\n<meta name=\"twitter:card\" content=\"summary_large_image\" \/>\n<meta name=\"twitter:label1\" content=\"Est. tempo de leitura\" \/>\n\t<meta name=\"twitter:data1\" content=\"19 minutos\" \/>\n<script type=\"application\/ld+json\" class=\"yoast-schema-graph\">{\"@context\":\"https:\/\/schema.org\",\"@graph\":[{\"@type\":\"WebPage\",\"@id\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/\",\"url\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/\",\"name\":\"Biografando o lado B - O Beltrano\",\"isPartOf\":{\"@id\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/#website\"},\"primaryImageOfPage\":{\"@id\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/#primaryimage\"},\"image\":{\"@id\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/#primaryimage\"},\"thumbnailUrl\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/site\/wp-content\/uploads\/2017\/12\/142090.jpg\",\"datePublished\":\"2017-12-01T17:16:02+00:00\",\"dateModified\":\"2018-01-02T10:01:55+00:00\",\"description\":\"Evaldo Braga e Carlos Alexandre ganham biografias que mostram o lado obscuro da can\u00e7\u00e3o brasileira\",\"breadcrumb\":{\"@id\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/#breadcrumb\"},\"inLanguage\":\"pt-BR\",\"potentialAction\":[{\"@type\":\"ReadAction\",\"target\":[\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/\"]}]},{\"@type\":\"ImageObject\",\"inLanguage\":\"pt-BR\",\"@id\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/#primaryimage\",\"url\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/site\/wp-content\/uploads\/2017\/12\/142090.jpg\",\"contentUrl\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/site\/wp-content\/uploads\/2017\/12\/142090.jpg\",\"width\":600,\"height\":400},{\"@type\":\"BreadcrumbList\",\"@id\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/#breadcrumb\",\"itemListElement\":[{\"@type\":\"ListItem\",\"position\":1,\"name\":\"In\u00edcio\",\"item\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/\"},{\"@type\":\"ListItem\",\"position\":2,\"name\":\"Portfolio\",\"item\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/\"},{\"@type\":\"ListItem\",\"position\":3,\"name\":\"Biografando o lado B\"}]},{\"@type\":\"WebSite\",\"@id\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/#website\",\"url\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/\",\"name\":\"O Beltrano\",\"description\":\"\",\"publisher\":{\"@id\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/#organization\"},\"potentialAction\":[{\"@type\":\"SearchAction\",\"target\":{\"@type\":\"EntryPoint\",\"urlTemplate\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/?s={search_term_string}\"},\"query-input\":\"required name=search_term_string\"}],\"inLanguage\":\"pt-BR\"},{\"@type\":\"Organization\",\"@id\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/#organization\",\"name\":\"O Beltrano\",\"url\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/\",\"logo\":{\"@type\":\"ImageObject\",\"inLanguage\":\"pt-BR\",\"@id\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/#\/schema\/logo\/image\/\",\"url\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/site\/wp-content\/uploads\/2016\/12\/logo-midia-kit.png\",\"contentUrl\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/site\/wp-content\/uploads\/2016\/12\/logo-midia-kit.png\",\"width\":672,\"height\":198,\"caption\":\"O Beltrano\"},\"image\":{\"@id\":\"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/#\/schema\/logo\/image\/\"},\"sameAs\":[\"https:\/\/www.facebook.com\/jornalobeltrano\/\"]}]}<\/script>\n<!-- \/ Yoast SEO plugin. -->","yoast_head_json":{"title":"Biografando o lado B - O Beltrano","description":"Evaldo Braga e Carlos Alexandre ganham biografias que mostram o lado obscuro da can\u00e7\u00e3o brasileira","robots":{"index":"index","follow":"follow","max-snippet":"max-snippet:-1","max-image-preview":"max-image-preview:large","max-video-preview":"max-video-preview:-1"},"canonical":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/","og_locale":"pt_BR","og_type":"article","og_title":"Biografando o lado B - O Beltrano","og_description":"Evaldo Braga e Carlos Alexandre ganham biografias que mostram o lado obscuro da can\u00e7\u00e3o brasileira","og_url":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/","og_site_name":"O Beltrano","article_publisher":"https:\/\/www.facebook.com\/jornalobeltrano\/","article_modified_time":"2018-01-02T10:01:55+00:00","og_image":[{"width":600,"height":400,"url":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/site\/wp-content\/uploads\/2017\/12\/142090.jpg","type":"image\/jpeg"}],"twitter_card":"summary_large_image","twitter_misc":{"Est. tempo de leitura":"19 minutos"},"schema":{"@context":"https:\/\/schema.org","@graph":[{"@type":"WebPage","@id":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/","url":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/","name":"Biografando o lado B - O Beltrano","isPartOf":{"@id":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/#website"},"primaryImageOfPage":{"@id":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/#primaryimage"},"image":{"@id":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/#primaryimage"},"thumbnailUrl":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/site\/wp-content\/uploads\/2017\/12\/142090.jpg","datePublished":"2017-12-01T17:16:02+00:00","dateModified":"2018-01-02T10:01:55+00:00","description":"Evaldo Braga e Carlos Alexandre ganham biografias que mostram o lado obscuro da can\u00e7\u00e3o brasileira","breadcrumb":{"@id":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/#breadcrumb"},"inLanguage":"pt-BR","potentialAction":[{"@type":"ReadAction","target":["https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/"]}]},{"@type":"ImageObject","inLanguage":"pt-BR","@id":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/#primaryimage","url":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/site\/wp-content\/uploads\/2017\/12\/142090.jpg","contentUrl":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/site\/wp-content\/uploads\/2017\/12\/142090.jpg","width":600,"height":400},{"@type":"BreadcrumbList","@id":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/biografando-o-lado-b\/#breadcrumb","itemListElement":[{"@type":"ListItem","position":1,"name":"In\u00edcio","item":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/"},{"@type":"ListItem","position":2,"name":"Portfolio","item":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/portfolio\/"},{"@type":"ListItem","position":3,"name":"Biografando o lado B"}]},{"@type":"WebSite","@id":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/#website","url":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/","name":"O Beltrano","description":"","publisher":{"@id":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/#organization"},"potentialAction":[{"@type":"SearchAction","target":{"@type":"EntryPoint","urlTemplate":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/?s={search_term_string}"},"query-input":"required name=search_term_string"}],"inLanguage":"pt-BR"},{"@type":"Organization","@id":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/#organization","name":"O Beltrano","url":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/","logo":{"@type":"ImageObject","inLanguage":"pt-BR","@id":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/#\/schema\/logo\/image\/","url":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/site\/wp-content\/uploads\/2016\/12\/logo-midia-kit.png","contentUrl":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/site\/wp-content\/uploads\/2016\/12\/logo-midia-kit.png","width":672,"height":198,"caption":"O Beltrano"},"image":{"@id":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/#\/schema\/logo\/image\/"},"sameAs":["https:\/\/www.facebook.com\/jornalobeltrano\/"]}]}},"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/portfolio\/65850"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/portfolio"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/portfolio"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=65850"}],"version-history":[{"count":4,"href":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/portfolio\/65850\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":65870,"href":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/portfolio\/65850\/revisions\/65870"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/65854"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=65850"}],"wp:term":[{"taxonomy":"portfolio_category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.obeltrano.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/portfolio_category?post=65850"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}